sexta-feira, 29 de julho de 2011

O chanceler

Cargo de Chanceler tem por objetivo o controle de presença dos IIr:. do Quadro e dos Visitantes. temos duas etapas diferentes, uma fora dos trabalhos da Loja e outro dentro da Loja.
No inicio é função do Chanceler colocar os livros de presença dos IIr:. do Quadro e dos Visitantes no local apropriado, verificar se todos os IIr:. e os Visitantes assinaram os livros de presenças. No inicio dos trabalhos dentro da Loja o Ven:. Mest:. pergunta ao Chanceler se o numero é legal", e o Chanceler responde, "SIM", desde que tenha presença de no mínimo sete IIr:., dos quais três MM:.MM:..
Na seqüência deve o Chanceler verificar no Livro de Presenças se todos os IIr:. presentes o assinaram e quantos somam no total. Verificar também se não houve nenhum esquecimento. Enviar para o Ir:. Orad:. os nomes dos IIr:. Visitantes, suas Lojas, Orientes, Potencia, e Grau, e providenciar o Certificado de Presença aos IIr:. Visitantes. É também de responsabilidade do Chanceler informar a Loja quais os IIr:. que tem presença suficiente para votar em Eleições de Grão Mestre, Ven:. Mest:. e de todos os outros Cargos da Loja. Confirmar regularidade suficiente para a concessão de Aumento de Salário e confirmar as presenças nos Escrutínios Secretos.
Fica também a seu cargo a informação aos IIr:. das Efemérides da semana, Aniversários Casamentos, Iniciação, Elevação, Exaltação e Instalação. dos IIr:. Cunhadas e Sobrinhos Finalizando também é função do Chanceler enviar para a Família Maçônica os cumprimentos em ocasiões especiais como: Aniversários, Casamento, etc.

O Tesoureiro

Cargo de Tesoureiro, consta do seguinte:
  1. É o auxiliar do Grande Secretario Geral de Finanças, guarda do tesouro, depositário dos metais da Loja e tem a seguintes atribuições:
  2. Arrecadar a receita da Loja;
  3. Pagar as despesas legais da Loja à vista de documentos visados pelo Venerável.
  4. Manter a escrituração sempre em dia e na melhor ordem.
  5. Apresentar no mês de novembro de cada ano, o projeto de orçamento da receita para o ano financeiro seguinte, para ser discutido e aprovado no mesmo mês.
  6. Cobrar dos Obreiros suas contribuições em atraso.
Alem disso o Artigo 49 do RGF, diz o seguinte:
É obrigação do Tesoureiro enviar ao Obreiro em atraso por três meses, uma Prancha convidando-o a saldar seu débito no prazo de trinta dias, caso não seja atendido dentro do prazo, deverá cientificar a Loja, que poderá acolher circunstancias excepcionais e perdoar a divida , o que somente poderá ser decido em Sessão de Finanças.
Caso contrario declarado o inadimplente, o Venerável anunciará ser o caso de o Obreiro ter suspensos os seus direitos maçônicos se algum dos presentes não efetuar no ato o devido pagamento.
Diante desta determinação do RGF, qual seria a maneira correta e menos constrangedora (mesmo porque entre nós não deve haver constrangimento) de agir o Irmão que por qualquer motivo não possa saldar seus compromissos?
Deve em Sessão Ordinária, solicitar a palavra na Ordem do Dia, expor seus motivos, e pedir que a os Irmãos a vista dos fatos, relevem seu debito, evitará assim que todas as providencias determinadas pelo RGF sejam tomadas, uma vez que os Irmãos poderão dispensa-lo do pagamento ou tomar qualquer outra decisão que venha a solucionar sua situação perante a Loja. Poderão até ajuda-lo se for o caso através da Hospitalaria.
O que não deve acontecer é o Irmão não pagar e simplesmente não se manifestar, dando a impressão de que os compromissos com a Loja não têm a menor importância. É preciso que nos lembremos que não pagando estaremos impondo aos outros Irmãos que paguem por nós.
Temos a obrigação de cobrir os débitos do Irmão que se encontre em situação financeira difícil, mas temos o direito de ser informados pelo mesmo Irmão quais os motivos e julgarmos se os mesmos são justos.

Os Diaconos

Em termos meramente etimológicos, Diácono é o que se coloca a serviço de alguém, "aquele que serve". Genericamente todo cristão é um Diácono de Deus (servidor, ministro). Assim, Paulo, o Apóstolo, se autodenomina e a todos que servem a Deus ou a Cristo. Mencionam-se nas Sagradas Escrituras: "Timóteo, Ministro de Deus" (I Tessalonicenses 3:2); "Apolo e Paulo, Servos do Senhor" (I Coríntios 3:5); "Epafras, Ministro de Cristo" (Colossenses 1:5). Servo ou Ministro, em grego bíblico, apenas Diáconos.
Raramente no feminino, em linguagem arcaica o vocábulo diakonos ligava-se ao verdo diakoneõ - "trabalhar como criado, servir". Embora possa parecer palavra composta do prefixo dia = através - não há essa composição. Na realidade, origina-se do micênico kasikonos = "trabalhador, companheiro". Mais tarde, no grego clássico, teria o sentido de "servidor, mensageiro" e no grego helenístico, especializando-se, seria relacionado a "servidor de um Templo"(1)
Na comunidade de Jerusalém, ainda no primeiro século cristão, o nome Diácono identificava um determinado cargo comunitário voltado ao atendimento das necessidades materiais dos membros da jovem igreja, como hoje, por analogia, mais ou menos se espera, em Lojas Maçônicas, que seja feito pelos hospitaleiros. Bem se sabe que, logo nos primeiros dias da Cristandade, devido a problemas específicos, eis que a distribuição de bens e cuidados não se fazia de modo eficiente, foi necessária uma separação, distinguindo-se o Ministério da Palavra. Coube aos Diáconos, então instruídos, uma segunda função, de caráter caritativo ou assistencial, de atendimento às viúvas, órfãos e enfermos. Diziam os Apóstolos:
"Não é razoável que abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas" (Atos, 6:2). O primeiro mártir, Estevão, foi um Diácono - alguém que servia os próprios irmãos.
Na Igreja posterior, primeiro no Oriente e, a partir do século V, também no Ocidente, tem-se notícia das diaconisas: mulheres incumbidas de instruir e batizar outras mulheres(2). Em Roma, o Diácono veio e instituiu-se em uma espécie de Segundo Grau, abaixo dos Padres ou Presbíteros. Nas denominações evangélicas há Diáconos e Diaconisas, genericamente incumbidos da assistência aos Irmãos.

FONTES MAÇÔNICAS

Os britânicos constituem-se em excelente fonte de estudos. Possuem documentos antigos e deram forma e consistência à Maçonaria que praticamos. A Grande Loja, The Premier Grand Lodge, organizada em Londres (1717), é o ponto obrigatório de passagem na história da Maçonaria em todas as partes do mundo. As velhas Lojas de Operários medievais não deixariam sucessores, caso não fosse criada a Grande Loja londrina, historicamente a primeira Obediência. Depois a idéia difundiu-se pelo Continente Europeu: França, Itália, Alemanha, Espanha, Portugal. Foi à América.
Criou-se, inclusive, uma área latina, sob predominância cultural francesa, que viria a se constituir em origem da Maçonaria no Brasil, mas as raízes deste movimento moderno estão em seio inglês. Por isso é útil o exame dos Rituais ingleses.
A Grande Loja de Londres, ao ser fundada em 1717, não adotava Diáconos. Por certo, segundo evidências de que nos fala Harry Mendoza(3) e nos fornece detalhes Harry Carr(4), o cargo existiria na Most Ancient & Honorable Fraternity of Free and Accepted Masons (Mais Antiga e Respeitável Fraternidade de Maçons Livres e Aceitos), cerca de 1751, conhecida por Grande Loja dos Antigos, rival da Grande Loja londrina, a quem os Antigos, com sentido depreciativo, denominavam de "Modernos". Laurence Dermott, o notável Grande Secretário dessa Obediência histórica, registraria, em 1753, atas dos Antigos, bem como, em 1754, atas da Loja nº 37, que ele mesmo serviria como Junior e como Senior Deacon (Segundo e Primeiro Diácono, respectivamente), assim como Vigilante, antes de ser instalado Mestre na Irlanda em 1746. Outrossim algumas Lojas que se associaram após 1717 à Grande Loja de Londres, possuíam o cargo de Diácono, embora, reiteremos, a Grande Loja, oficialmente, não o adotasse. Os ingleses sempre mantiveram certa liberdade de procedimentos internos das Lojas.
Conforme apontamentos de Carr (op. cit. p. 88) e Mendoza (op. cit. p. 17), a mais antiga referência a diáconos, em uma Loja na Inglaterra, é datada de 1733/34, em Swalwell, Gateshead, Durham, descrevendo-se seus deveres como "mensageiros do Venerável e dos Vigilantes". As Lojas que não possuíam Diáconos utilizavam os serviços do Mestre de Banquetes (Steward) ou do Segundo Vigilante (Junior Warden). Os Stewards, tudo indica, não reduziam suas funções apenas a atividades de banquetes, mas sim levavam mensagens (missão dos Diáconos) bem como desempenhavam parte das funções Ritualísticas hoje, no R.?. E.?. A.?. A.?., por exemplo, reservada aos Expertos.
Afinal, quando das tratativas para a união das duas Grandes Lojas inglesas rivais (a dos Antigos e a dos Modernos), foi criada, em 1809, a Special Lodge of Promulgation, nesta a resolução de se adotarem Diáconos. Com ressalvas. A nota resumida, então publicada, recomendava que os Diáconos fossem utilizados, mesmo que, pelo devido exame, ficasse provado que não se constituíam em uma função antiga, apenas sendo Oficiais úteis e necessários: "Resolved that Deacons (being proved on due investigation, to be not only Ancient but useful and necessary Officers) be reconmended ...". E, na ata da Old Dundee Lodge, nº 18, datada de 8 de fevereiro de 1810 (Apud Carr, idem, ibidem) encontra-se interessante registro de efeitos dessa adoção de 1809: "O Venerável Mestre relatou sobre a necessidade de mais dois novos Oficiais para atender às alterações efetuadas(5), informando que eles se denominam Diáconos (...) um Senior Diácono e um Júnior Diácono, a eles cabendo Jóias como no velho significado, isto é, Mercúrio, o mensageiro dos deuses, e não no moderno, "a pomba com um ramo de oliveira" (Carr, op. cit., p. 88/89). No Livro das Constituições, Grande Loja Unida da Inglaterra, 1815, se oficializaria o cargo.
É fácil, desse modo, compreender o motivo de os Ritos Adonhiramita e Moderno não adotarem Diáconos, distinguindo-se dos outros Ritos. Constituídos ainda no Século XVIII, anteriores pois à união das duas Grandes Lojas inglesas rivais, da qual resultaria a Grande Loja Unida da Inglaterra (1813), os dois Ritos em tela seguiam, na França, ao modo Ritualístico dos Modernos (Grande Loja de Londres), que não utilizava Diáconos oficialmente. E assim continuaram, mesmo após a mudança de 1809, nas tratativas para a união inglesa. Como continuariam com a inversão de Colunas, palavras, etc., providência que os Modernos haviam adotado em 1730, após a infidelidade de Samuel Prichard(6).

FUNÇÃO

A tradição tem dado aos Diáconos a função de mensageiros. Há exemplares antigos de Jóias desses Cargos (Primeiro e Segundo Diáconos) constituídas por um Mercúrio alado, o mensageiro dos seres do Olimpo, como há exemplares em que aparece a clássica forma da Pomba que traz no bico o ramo de oliveira, mensagem a Noé de que a água baixara e já havia terra firme após o dilúvio (Gênesis 8: 11). Em todos os Ritos, que possuem estes Oficiais, com variações próprias de cada Rito, sempre cabe aos Diáconos esta ou aquela missão de transmitir ordens ou mensagens, como levar o livro de atas para assinaturas, transmitir a Palavra Sagrada, etc.
De modo significativo, contudo, principalmente no sistema inglês, aos Diáconos cabe funções semelhantes a dos Expertos no R.'. E.'. A.'. A.'., já dissemos. À época em que a Grande Loja de Londres não adotava Diáconos, as funções hoje exercidas por eles em uma Loja inglesa, principalmente a de conduzir os Candidatos durante as Cerimônias, eram efetuadas pelos Vigilantes. Isso bem se vê na célebre Exposure de Prichard (Masonry Dissected, 1730) de que falamos acima

O Experto

No Rito Escocês Antigo e Aceite - o rito praticado pela Loja Mestre Affonso Domingues -, o Experto é um Oficial de Loja que exerce uma função puramente ritual. Nas normais sessões de trabalho, essa função é relativamente secundária, limitando-se a seguir e auxiliar o Mestre de Cerimónias na execução dos rituais de abertura e enceramento dos trabalhos. Este ofício assume, porém, particular importância e relevo quando a Loja leva a cabo uma Cerimónia de Iniciação. Quase se poderia dizer que o ofício de Experto existe para essa cerimónia, sendo tudo o resto secundário, mero apêndice do papel que exerce nos trabalhos em que um homem livre e de bons costumes abandona a vida profana e renasce maçon.
É encargo do Experto, sempre que há lugar a uma iniciação, ser o elo de ligação entre o profano que busca a luz e a Loja. É o Oficial que a Loja disponibiliza ao candidato para o acompanhar e auxiliar nas suas provas de iniciação. É o Experto que prepara o profano antes de ele enfrentar essas suas provas. É o Experto que ordena ao profano o que ele deve fazer enquanto aguarda o início delas. É o Experto que conduz e acompanha o profano perante a Loja. É o Experto que acompanha e auxilia o profano na superação das provas. É o Experto que dá e retira a luz. É o Experto que acompanha aquele que se submeteu às provas de iniciação enquanto ele se recompõe dos trabalhos realizados. É o Experto que, recomposto quem se submeteu às provas, o conduz à sua plena integração na Loja. É o Experto quem executa e demonstra a primeira instrução do novo Aprendiz. Em resumo, o Experto é a mão amiga que ampara o profano no seu trajecto para a luz, o guia que lhe indica o caminho.
A designação do ofício é uma adaptação fonética - não propriamente feliz - do termo Expert, que, quer em francês, quer em inglês, significa Especialista. O Experto é, assim, o Oficial Especialista no acompanhamento do Candidato à iniciação.
Em rituais antigos, este Oficial de Loja era designado por Irmão Terrível. Esta designação, obviamente irónica, decorria da forma brusca como se preconizava que decorresse a primeira abordagem do Irmão Terrível ao candidato. Dupla ironia, se atentarmos que o Experto só é terrível no suporte e apoio a esse mesmo candidato, que lhe cumpre auxiliar ao longo de toda a Cerimónia de Iniciação...
Na Loja Mestre Affonso Domingues, este ofício não está integrado na informal "linha de sucessão" para o ofício de Venerável Mestre e é usualmente confiado a um Mestre jovem. É um ofício que, por ser de reduzida dificuldade de execução, na maior parte das sessões, permite uma calma e progressiva integração nas responsabilidades de Oficial de Loja aos Mestres mais jovens, enquanto aguardam oportunidade para assumirem mais exigentes responsabilidades. Mas, sendo também um ofício fundamental num momento tão importante para qualquer maçon, como é a sua iniciação, confiá-lo a um jovem Mestre (note-se: jovem, em termos de antiguidade, não de idade; um septuagenário pode, neste sentido, ser um "jovem Mestre"...) é uma prova de confiança nas suas capacidades e na sua contribuição para a Loja.

O mestre de Cerimonia

O ofício de Mestre de Cerimónias existe no Rito Escocês Antigo e Aceite (aquele que é praticado na Loja Mestre Affonso Domingues) e bem pode ser exercido por um mudo. Com efeito, não me recordo de existir uma única fala especificamente do Mestre de Cerimónias em qualquer das cerimónias rituais deste rito. Toda a actividade deste Oficial se faz pelo movimento e pelos gestos. No entanto, este ofício é um dos mais importantes do mencionado rito!
O Mestre de Cerimónias é o oficial de Loja que executa, dirige e conduz todas as movimentações em Loja. Sempre que um qualquer dos elementos da Loja deve circular nela, fá-lo acompanhado pelo Mestre de Cerimónias (melhor dizendo: seguindo-o). Sempre que a posição ou o estado de um dos objectos com significado ritual deve ser corrigida, quem efectua essa acção é o Mestre de Cerimónias. Cumprindo instrução nesse sentido do Venerável Mestre ou por decisão própria.
O Mestre de Cerimónias é o responsável por toda a circulação no espaço da Loja e, consequentemente, pela sua fluidez e correcção. É ele quem indica por onde se deve ir, para se fazer o quê.
O ofício de Mestre de Cerimónias é fundamental na execução do ritual do Rito Escocês Antigo e Aceite, porque é ele quem marca os ritmos e, assim, quem agiliza ou soleniza cada cerimónia.
Ao contrário do que sucede, por exemplo, no Rito de York, o ritual do Rito Escocês Antigo e Aceite não é executado de cor: os oficiais que o executam têm o apoio do texto relativo à cerimónia respectiva. Porém, o Mestre de Cerimónias, porque não tem falas, exerce o seu ofício sem o apoio do ritual escrito, o que o obriga ao profundo conhecimento do ritual de todas as cerimónias. Só bem conhecendo o ritual, pode ele estar preparado para executar uma determinada acção no exacto momento em que é adequado fazê-lo, por saber que, quando determinada frase é dita por alguém, se seguirá determinada acção que ele deve executar.
A experiência e o conhecimento do ritual do Mestre de Cerimónias pode fazer de uma qualquer cerimónia ritual um acto corriqueiro ou uma exaltante execução. O Mestre de Cerimónias tem que saber, que intuir, quando deve ser solene e pausado e quando deve acelerar o seu movimento - por vezes, em função da existência ou não de atraso na execução dos trabalhos...
O Mestre de Cerimónias só aprende o seu ofício de uma maneira: executando-o e corrigindo os erros e hesitações que lhe detectarem ou que ele próprio detectar. O Mestre de Cerimónias faz a função, mas também se faz na função.
O símbolo da função do Mestre de Cerimónias - símbolo que ele transporta sempre consigo! - é o bastão (ver figura), espécie de bordão ou vara de caminheiro com que ele marca o início dos seus passos e as suas mudanças de direcção e que é também utilizado, em conjunto com a espada de outro oficial, para executar uma abóbada cerimonial, designadamente sobre os mais importantes símbolos em Loja em momentos-chave da abertura e do encerramento dos trabalhos. Pode ser substituído por uma versão em tamanho reduzido, de cerca de cerca de meio metro, que, nesse caso, transportará sobre o antebraço, o que sucede normalmente em cerimónias a que se pretende conferir maior "pompa e circunstância".

O Guarda do Templo

Nos antigos rituais maçônicos, encontravam-se dois Guardas do Templo: um externo, que vigiava o adro; e um outro interno, que recebia daquele as indicações. De vez que os trabalhos de uma Loja devem realizar-se a portas fechadas, cabia-lhes zelar para que ninguém perturbasse a sessão. Não é por menos que os Guardas do Templo tem como jóia representativa 2 (duas) espadas cruzadas, símbolos de alerta e de proteção. Hoje, porém, restou somente o Guarda Interno do Templo, ou, simplesmente, “Guarda do Templo”, que guarda internamente a porta do Templo e dá a entrada aos Irmãos que chegam após a abertura dos trabalhos. Para JULES BOUCHER, trata-se de cargo a ser confiado ao Irmão mais experimentado da Loja, que seja um profundo conhecedor do ritual e dos seus procedimentos, razão pela qual muitas Lojas ainda outorgam essa responsabilidade ao Venerável Mestre que sai (p. 120).
Isso porque, no direito consuetudinário maçônico, sempre foram atribuídas ao Guarda externo do Templo as funções de “cobrir” e “telhar” (motivo pelo qual o Guarda Externo do Templo pode ser também chamado de “Cobridor Externo” ou “Telhador”). Segundo BOUCHER, “telhar um Irmão” significa interrogá-lo para constatar, pelas suas respostas, se ele é mesmo maçom e se seu grau corresponde ao grau para o qual trabalha a Loja; por extensão, “cobrir o Templo” tornou-se sinônimo de “sair”. Assim, caso profanos consigam entrar numa reunião maçônica e se um deles se aperceber disto, diz o Guarda do Templo: “Está chovendo” ou “Há goteira”, isto é, o Templo não está coberto.
Há divergência quanto à denominação que se deve dar ao procedimento formal para identificação e constatação da regularidade maçônica: “telhamento” ou “trolhamento”. Os Manuais da GLESP falam em “trolhamento”, posição de que compartilha RIZZARDO DA CAMINO. Segundo este autor gaúcho, “passar a Trolha sobre alguém” significa retirar sua asperezas para que, quando der ingresso no Templo, não seja diferente dos demais, pois se apresentará como Pedra Polida, e não como Pedra Bruta (p. 391-392). Aliás, este autor sequer mete as palavras telhar e telhamento em sua clássica obra Dicionário Maçônico. Todavia, não posso referendar tal posicionamento. Na maçonaria de língua inglesa, o Guarda do Templo é chamado de Tiler (de tile = telha); na de língua francesa, de Tuillier (de tuille = telha); na Itália, de Tegolatore (de tegola = telha), e assim por diante. Percebe-se, conseguintemente, que as traduções de Tiler, Tuillier e Tegolatore são as mesmas: TELHADOR, i.é., o que procede ao TELHAMENTO. Já o termo TROLHAMENTO deveria significar “passar a Trolha”, ou seja, aparar as arestas e as imperfeições da argamassa, fazer esquecer as injúrias e as injustiças; enfim, apaziguar maçons em eventual litígio. De qualquer forma, a par de todas dessas questiúnculas vernaculares, é ao Guarda do Templo que se confia preponderantemente a eficácia do 15o Landmark (“nenhum visitante, desconhecido aos irmãos de uma Loja, pode ser admitido a visitar, sem que antes de tudo seja examinado, conforme os antigos costumes”). A execução cabal deste preceito exige um Irmão, pois, que conheça todos os membros de sua Loja, todos os sinais, todas as palavras de passe, todas as palavras sagradas, todas as senhas e as peculiaridades de cada grau.
Justamente porque telha, não se recomenda ao Guarda externo que permaneça no Átrio, pois esse recinto faz parte, pela sua “imantação”, ao próprio Templo, onde não é permitida a presença de estranhos; o estranho e os visitantes retardatários devem permanecer na Sala dos Passos Perdidos que precede o Átrio. Quando o Venerável Mestre reúne os Irmãos para a procissão de adentramento ao Templo, determina a preparação espiritual, procedida pelo Mestre de Cerimônias, que faz uma invocação ao Grande Arquiteto do Universo; é no átrio que os Irmãos deixam todos os assuntos e vibrações profanas; o Átrio é um estágio de purificações e, por esses motivos, não pode receber quem não tiver sido antes purificado.
As atribuições dos Guardas do Templo são melhor elucidadas quando se lhe especula as funções em um nível mais transcendental. Segundo ZILMAR DE PAULA BARROS (p. 101-102), os 10 (dez) oficiais da Loja (= Venerável, 1º Vigilante, 2º Vigilante, Orador, Secretário, Experto, Mestre de Cerimônias, Tesoureiro, Hospitaleiro, Guarda do Templo) situam-se, perfeitamente, na árvore sephirótica: o Venerável corresponde a KETHER (A Coroa); o Secretário corresponde a BINAH (Inteligência); o Orador a CHOCHMAH (Sabedoria); o Tesoureiro a GEBURAH (Força, Rigor); o Mestre de Cerimônias equivale a TIPHERETH (Beleza); o Hospitaleiro a CHESED (Graça); o 1o Vigilante a HOD (Vitória, Firmeza); o 2o Vigilante a NETZAH (Glória, Esplendor); o Experto a IESOD (Base, Fundamento); o Guarda do Templo a MALKUTH (Reino ou Mundo Profano). Ora, MALKUTH é a Sefirah inferior constituinte da presença de Deus na matéria, cuja natureza quádrupla encerra os quatro níveis inerentes à árvore sephirótica como um todo (a raiz, o tronco, os ramos e os frutos, conforme cresce no interior existencial; ou a Vontade, a Mente, o Coração e o Corpo Divino) e sobre nós aparece como o CORPO FÍSICO, com seus elementos tradicionais: terra, água, ar e fogo (HALEVI, p. 7-8). Ora, se na estrutura de uma Loja maçônica o Guarda do Templo corresponde a MALKUTH, e se uma Loja nada mais é do que uma alegoria simbólica do Corpo Místico do Homem, então o Guarda do Templo é representante do único contato direto que a “Alma de uma Loja” tem com o Mundo Exterior.
Posição similar é a de CHARLES LEADBEATER. Para o autor inglês, a Loja Maçônica possui maquinismo que lhe permite invocar o auxílio de entidades espirituais em seus trabalhos altruístas de acumulação e distribuição de forças astrais em benefício do mundo. Cada oficial teria, além de seus deveres no plano físico, a missão de representar um dos cinco planos da natureza (os planos espiritual, intuicional, mental, astral e físico) e de servir de foco para as suas energias peculiares. O Venerável representaria o plano espiritual (correspondente no homem à vontade espiritual); o 2º Vigilante, o plano intuicional (correspondente no homem ao amor intuicional); o 1º Vigilante, o plano mental superior (correspondente no homem à inteligência superior); o 1º Diácono, o plano mental inferior (que no homem corresponde à mente inferior); o 2º Diácono, o plano astral (que no homem equivale às emoções inferiores); o Guarda Interno do Templo, o plano físico superior (equivalente no homem ao duplo etérico); o Guarda Externo do Templo, o plano físico inferior (correspondente no homem ao corpo físico denso). Daí o motivo de os fundadores da Maçonaria terem disposto as coisas de maneira que a enumeração dos oficiais e a declaração dos seus lugares e deveres servissem de invocação aos anjos pertencentes aos respectivos planos. Simbolicamente, para o corpo físico e o duplo etérico protegerem a “loja da alma” dos perigos do mundo exterior, das tentações e das influências malignas, ordena-se ao Guarda Externo (o plano físico inferior) e ao Guarda Interno (o plano físico superior) que impeçam a entrada dos profanos, representantes das paixões violentas (p. 117-121). Para LEADBEATER, portanto, este esquema demonstra que a obrigação da inteligência é discernir e julgar que pensamentos e emoções devem ser admitidos no templo do homem: o Venerável comunica-se com o Guarda Externo por meio do 1º Vigilante e do Guarda Interno, significando que o espírito não atua diretamente na matéria densa do corpo físico, senão que por intermédio da inteligência influi no duplo etérico, embora, uma vez realizada a investigação, a mente possa instruir o duplo etérico para que comunique o assunto diretamente ao espírito. Para simbolizar isto, há em algumas Lojas o costume de dizer o 1º Vigilante ao dar a ordem: “Irmão Guarda do Templo, vede quem solicita entrada e comunicai-o ao Venerável”.
Se há autores que estabelecem correspondência entre os cargos da Loja e os Sefiroths da Cabala, e se há autores que estabelecem homologias entre esses cargos e os planos da natureza, há aqueles irmãos que enxergam conexão entre o oficialato maçônico e o simbolismo planetário astrológico, conexão esta que nos permite alinhavar o perfil psicológico que deve portar o Irmão ocupante do cargo de Guarda do Templo.
Segundo BOUCHER, o Venerável corresponde a Júpiter; o 1o. Vigilante, a Marte; o 2o Vigilante, a Vênus; o Orador, ao Sol; o Secretário, à Lua; o Guarda interno, a Saturno; e o Guarda externo, a Mercúrio (p. 123). O Guarda Externo, justamente por ser regido por Mercúrio, o mensageiro dos deuses, é quem anuncia ao Guarda Interno aqueles Irmãos que vêm se apresentar e que pedem a sua admissão. Trata-se de cargo astrologicamente talhado, portanto, para os nascidos sob o signo de Virgem, signo associado ao sistema nervoso, à percepção mental, ao cérebro e às atividades de comunicação física e mental. Não se é de estranhar, aliás, que os traços positivos dos Virginianos sejam as características mais pretendidas de um Guarda Externo: o raciocínio rápido, a percepção ágil, a inteligência, a versatilidade, a intelectualidade e o impulso para a aquisição e a transmissão do conhecimento. Em contrapartida, tem-se o Guarda Interno do Templo, regido por Saturno, o deus prudente que prefere os lugares sombrios, encarregado de anunciar a presença daqueles que julgou dignos de entrar. Trata-se agora de cargo astrologicamente cunhado para os nascidos sob o signo de Capricórnio, signo este associado às idéias de “limitação” e “contenção”.Também aqui não há de estranhar que os traços positivos dos Capricornianos sejam tão esperados do ocupante do cargo de Guarda Interno do Templo: prático; cauteloso; responsável; paciente; de confiança; resistente; disciplinado, estável.
J. BOUCHER ainda assevera que os Oficiais situam-se, perfeitamente, nos braços de uma estrela de seis pontos ou “Selo de Salomão”: o Venerável e os dois Vigilantes, que dirigem a Loja, formam um triângulo ascendente D; o Orador, o Secretário e os Guardas do Templo, que organizam a Loja, formam um triângulo descendente Ñ (p. 123-124). Aliás, tal ordem se verifica na circulação, com formalidades, tanto da Bolsa de Propostas e Informações quanto da Bolsa de Beneficência para o Tronco de Solidariedade, circulação esta que se faz na ordem hierárquica.
Por fim, vale a pena registrar as associações tecidas por W. KIRK MACNULTY (maçom inglês adepto duma corrente psicologista) entre sete cargos de oficiais e as Sete Artes Liberais: o Guarda Externo do Templo corresponderia à Gramática; o Guardo Interno do Templo corresponderia à Lógica; o 1o Diácono, à Retórica; o 2o Diácono, à Aritmética; o 1o Vigilante, à Geometria; o 2o Vigilante, à Música; e o Venerável Mestre, à Astronomia (p. 23-23). Assim, se a Gramática é a arte que estabelece as regras estritas para estruturar as idéias de modo que possam ser comunicadas e registradas no mundo físico, o Guarda Externo representa a parte da psique que está em contato estreito com o corpo físico, através do sistema nervoso central; portanto, ele é um “guardião” no sentido em que protege a psique da saturação de estímulos do mundo físico. Em contrapartida, se a Lógica é a arte que ensina as normas para a análise racional, o Guarda Interno representa o que a psicologia moderna denomina “ego”, isto é, o poder executivo partidário da atividade psicológica quotidiana que se distingue pela sua capacidade para formar imagens mentais; portanto, ele é um “guardião” no sentido de que vela pelas pessoas que permitem à sua psique relacionar-se com o mundo.

O Secretario

No que se refere à análise histórica do cargo de Secretário, haverá a reter que enquanto para alguns autores, tal cargo remontava aos escribas do Antigo Egipto, para outros, tera sido introduzido mais recentemente na Maçonaria.
Nesta segunda hipótese, os primeiros secretários eram necessariamente profanos dado serem raros os irmãos com experiência ou formação em gestão de documentação. No entanto, pouco a pouco o cargo foi sendo exercido por Irmãos Mações operando dentro das suas Lojas.
Quanto ao sentido simbólico do cargo de Secretário, haverá a referir o seguinte:
  1. Ao Secretário é associada a figura da Lua, enquanto ao Orador a figura do Sol.
  2. O Orador é o Sol ou consciência da Loja e representa a razao divina que ilumina a inteligência.
    1. O Secretario é como a Lua que nao tendo luz propria reflecte a luz do Sol. É a Imaginação.
  3. Que viste quando recebeste a Luz?
    1. O Sol, A Lua e o Mestre da Loja
  4. Que relação sirmbólica existe entre aqueles astros e o Mestre da Loja?
O sol representa a razão divina que ilumina a inteligência, a Lua sugere a imaginação que reveste as ideias duma forma apropriada e o Mestre da loja simboliza o princípio consciente que se ilumina sob a dupla influência da razão divina (o SOL) e a da Imaginação (a Lua).
Passemos agora à análise ritualística do cargo de Secretário. Sobre esta perspectiva haverá que referir o seguinte:
  1. O secretário constitui o 5.º oficial da Loja no nosso Rito.
  2. Quantos fazem uma Loja Justa e Perfeita?
    1. 3 a dirigem (V.M. e 2 Vigilantes)
    2. 5 a iluminam (Orador e Secretario)
    3. 7 a tornam justa e perfeita
O secretário não dirige a Loja, mas apenas a ilumina, fazendo a sua gestão, administração. Não esquecer que o Secretário pertence à comissão de administração da Loja, juntamente com o V.M. e o Tesoureiro.
No nosso Rito o Secretário se senta no Oriente à direita do V.M. e oposto ao Orador. No rito de Emulação ele se senta à esquerda do V.M.
O secretário representa o braço direito do V.M.
Por fim passo a enumerar as funções que estão atribuídas ao cargo de Secretário no artigo 14.º do Nosso Regulamento. Assim a este oficial, compete:
  1. Convocar as reuniões de loja, por carta dirigida a todos os irmãos, especificando a Ordem de Trabalhos da sessão.
  2. Intermediar a Loja e a GLRP, comunicando a esta todos os factos relevantes (iniciações, aumentos de salários, lista dos oficiais em cada veneralato, outros), bem como recebendo desta toda a informação a transmitir em loja (decretos, convocatórias, outras).
  3. Proceder ao registo dos membros da loja e mantê lo sempre actualizado (o que é difícil pois poucos são os irmãos que responderam ao inquérito).
  4. Gerir as votações em Loja.
  5. Elaborar o projecto de Relatório Anual
  6. Assegurar a regularidade, recepção e expedição de documentos oficiais.
  7. Elaborar as actas.
  8. Guardar o livro de Actas e os livros de Presença, dos Obreiros da Loja e dos Visitantes